domingo, 15 de abril de 2012

Leitura e deslumbramentos: um depoimento sobre a paixão pela leitura
Marcia Strazzer de Novais

Ler o depoimento dos colegas do curso “Práticas de Leitura e Escrita na Contemporaneidade” sobre suas experiências com a leitura tem sido muito agradável. Por exemplo, ao ler as recordações do José Milton (...)” É ao passar na Praça da Catedral, assim do nada, senti o arrebatador aroma da “moreninha” (...)”, e ele explicava que se referia ao aroma do livro “A Moreninha” que leu nos tempos do ginásio, me fez lembrar, o que sempre me acontece quando ouço ou leio algo a respeito de aromas e recordações,  das "madeleines" de Proust, que o transportavam a tantas reminiscências e me fizeram conhecer, na adolescência, a riqueza de sua literatura.
Já, a paixão da Marilei, outra colega do curso, por Monteiro Lobato me transportou às minhas próprias experiências com a leitura - Monteiro Lobato e sua obra foram um de meus primeiros contatos com livros, quando meu pai ou minha mãe liam para mim e meus irmãos as aventuras de Emília e sua turma. Lembro-me, ainda, do meu deslumbramento com uma coleção chamada “O Mundo da Criança", que trazia histórias de crianças de outros países e que me fascinavam - primeiro a leitura das imagens, e mais tarde das mais variadas histórias, que me prendiam por horas a fio e que eu já sabia de cor.
Meu pai, um apaixonado pela leitura, incentivava os filhos a ler, discutia conosco trechos "mais difíceis" e me apresentou a Jorge Amado, Dostoievski e a quase todos os clássicos. Mas, não ficava por aí, foi através dele que me apaixonei pela literatura de suspense e mistério, quando ele trazia uma revista (será que mais alguém conhece?) chamada “Mistério Magazine de Ellery Queen" - a maior revista de contos policiais do mundo! Que delícia tentar descobrir o assassino... Outra paixão, e esta ainda em moda era a coleção do Tintim, que disputávamos, meus irmãos e eu, para ver quem leria primeiro! E quantos mais, livros e personagens tão queridos! Lígia Fagundes Telles e “Antes do Baile verde"; Quino e sua excelente Mafalda; Zezé e seu Pé de laranja lima; e quantos mais... Mais recentemente descobri Rosamund Pilcher e voltei à infância com a excelente coleção do Harry Potter. Aqui em casa, os amigos secretos são quase "amigos livro", pois todos querem ganhar um e até minha netinha Giovanna, em seu aniversário de 8 anos, pediu de presente livros, para todos os tios e avós. Sem duvida, ler para as crianças e incentivá-las à leitura produz bons frutos! 

3 comentários:

  1. Desde a mais tenra idade (por volta dos 3 ou 4 anos), segundo conta minha mãe, antes mesmo de saber ler e escrever eu já vivia rodeada de livros, colocavá-os em uma bolsa e brincava de ler, com certeza, inventava estórias eu reproduzia algumas que meus familiares me contavam, ou seja, lia de mentirinha. Logo após alfabetizar-me e adentrar ao maravilhoso universo da leitura, lembro-me que tentava ler alguns livros, mas ainda não conseguia lê-los na íntegra. Até que um belo dia encontrei uma professora (Neide - 5ª série) que estimulou-me muito a ler um livro por inteiro, desta forma, o meu primeiro livro foi Os barcos de papel, que obra maravilhosa, cheia de detalhes que aguçavam cada vez mais a minha imaginação. Desde aquela época, nunca mais parei de ler, adoro qualquer tipo de livro/ assunto, confesso que neste aspecto sou bem eclética.
    Atualmente dedico minhas leituras à minha formação profissional, livros, artigos ou assuntos que de fato venham corroborar para com a atual função que desempenho, coordenadora pedagógica. Mas como não sou de ferro, sempre que tenho um tempo extra ou mesmo durante o período de férias, dedico-me à leituras por prazer com vários temas diversificados, que contribuam para com o descanso e para com o recarregar das minhas energias.
    Quando estava em sala de aula lecionando sempre desenvolvia projetos atrelados à minha área de atuação - Língua Portuguesa - atividades estas que despertavam o prazer pela leitura e pela escrita ( poesias, obras literárias, encenações, dramatizações, visitas periódicas à sala de leitura). Aproveito este interim para comentar sobre um maravilhoso livro que muito ajudou-me a ampliar a minha visão pedagógica em relação à leitura de obras clássicas para os jovens, além de dinamizar muito mais as minhas aulas - Ana Maria Machado - Como e por que ler os clássicos universais desde cedo.
    Portanto, acredito que a leitura nos imerge num mundo desconhecido, nos leva ao conhecimento do outro, à exploração da diversidade numa amplitude inimaginável, transpondo-nos a outros espaços e tempos distantes ou futuros que aguçam e fertilizam a nossa vida e a nossa imaginação.

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  2. Experiência Pedagógica

    No ano de 2005, desenvolvi um projeto voltado à formação de leitores, para as 7ª séries em que lecionava em uma escola da Rede Pública Paulista, na região da Grande São Paulo.
    Essa experiência pedagógica partiu da necessidade de levar para dentro das salas de aula, o prazer por ler um livro, já que muitos educandos não tinham esse hábito e outros ainda tinham o costume de iniciar alguma leitura e não terminá-la; vários motivos eram elucidados para justificar tais ações.
    Para aguçar a curiosidade dos alunos, no início, optei por contar de forma breve e em aulas alternadas, alguns trechos de livros que já havia lido, sempre deixando alguns suspenses no ar. Comecei a perceber que alguns dos discentes vinham procurar-me para que eu emprestasse o livro ou para que os ajudasse a procurá-lo na biblioteca da escola.
    Certo dia, li em sala de aula o 1º capítulo de uma adaptação de Walcyr Carrasco, bem interessante do livro: Os Miseráveis – Vitor Hugo. Lembro-me que quando terminei esse capítulo, ainda restava algum tempo para que ocorresse a troca de aula/ classe e a sala em coro solicitou-me que continuasse a ler só mais um pouquinho...
    Nos dias que se seguiram, continuamos a ler o livro só que de forma alternada, pois cada um dos alunos lia um trecho e/ ou capítulo até que terminamos a leitura de forma bem dinâmica e interativa.
    Naquela época, muitos educandos despertaram para o maravilhoso mundo da leitura. De vez em quando, eu percebia que havia um misto de competição saudável entre os alunos, pois todos sempre queriam contar-me algo que estavam lendo ou que estavam por ler. A família também foi fundamental neste período de formação de leitores, porque muitos pais perceberam a mudança de hábitos em seus filhos e comentavam nas reuniões, que eles estavam lendo mais e melhor.
    No ano seguinte, optei por continuar com as mesmas turmas e pude de fato não só concretizar o meu trabalho como solidificá-lo e ampliá-lo, atingindo assim, um número maior de leitores, pois além de lermos vários livros de diferentes gêneros textuais, durante o ano letivo, criávamos oficinas literárias, exposições, dramatizações, confecções de livrinhos ...
    Vale destacar, que a maioria desses maravilhosos alunos foi para o Ensino Médio, formaram-se e até hoje quando os encontro, sempre de acordo com os acasos da vida, eles rememoram as nossas aulas e confessam-se ainda leitores ativos, seja como vestibulandos, graduandos ou quaisquer outros papéis sociais que estejam desempenhando no momento.
    Diante do exposto, fico muito feliz enquanto educadora por ter mudado a maneira errônea de alguns educandos pensarem ou dirigirem-se à leitura e por ter de fato proporcionado a mudança de um espaço educativo e social.

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  3. Cara Kassia

    Maravilhosa a sua experiência! Acredito que é justamente esse o nosso papel em relação à leitura - mostrar aos alunos o mundo maravilhoso dos livros, o prazer de ler e viajar nas idéias do autor. Criar leitores para toda vida,como você fez, só é possível quando se muda o paradigma da leitura escolar, tão arraigado nas escolas e fundamentado na famosa tríade - leitura, fichamento e prova do livro. Enquanto está na escola e é "obrigado" a ler, o aluno ainda mantém algum contato com os livros, mas como não desenvolveu o amor a eles, não foi "fisgado", assim que sai da escola os esquece e se perde, muitas vezes para sempre, um leitor.

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