segunda-feira, 16 de abril de 2012

Práticas letradas e formação do leitor


Li em alguns autores, que falam sobre aquisição da leitura e do letramento, que as crianças muito antes de saberem ler, imitam os adultos em práticas letradas, ou seja, veem o adulto lendo um livro, folheando as páginas, passando-as lentamente uma após outra, lendo em voz alta, mostrando as figuras; após vivenciarem estas atitudes do adulto leitor, a criança passa a copiá-las, pois mesmo não sabendo ler a história presente naquelas páginas, age como se estivesse lendo realmente. 
Esta atitude da criança é belíssima de se observar. Ela demonstra que a criança que convive com adultos leitores, pai, mãe, avós, tios, professores, vivencia a leitura como algo normal, como um aprendizado normal, que permeia a vida de todos, isto faz uma grande diferença, porque, neste caso, ao entrar no ensino fundamental a criança já está bem encaminhada, já gosta de ouvir histórias, gosta de ler pequenos livros, vivencia a leitura como prazer, não como algo imposto, penoso.
Quando disse acima que é encantador observar a criança imitando o adulto, tive o prazer de observar isto acontecendo com minha sobrinha de 04 anos. Ela já conhece todas as letras, mas não sabe ler, juntar as letras formando palavras, diga-se aqui que este aprendizado aconteceu antes de entrar na educação infantil, o que aconteceu este ano. Não foi algo imposto, partiu da curiosidade dela e da irmã de 05 anos a vontade de saber o que havia nos portadores de texto que os adultos liam. A partir desta curiosidade a família foi incentivando, falando os nomes das letras, mostrando-as nas revistas, livros. Isto foi feito por todos, a minha mãe (que nunca estudou em escola formal), minha cunhada, meu irmão, por mim, pelos tios.
No sábado ela, a Maria Eduarda, de 04 anos, juntou os seus livrinhos, sentou-se em um banquinho na cozinha, cruzou as pernas, colocou-os sobre elas, escolheu um deles, começou a “contar” a história (de memória, é claro), apoiando-se também nas imagens para contar a história. Virava as páginas, em alguns momentos mostrava as figuras dos livros para nós, mãe, tia, avó, irmã, que estávamos ali. Nada a distraía de sua leitura! Nem o nosso espanto!
Achei tão maravilhoso, que fui ao quarto, peguei a câmera e filmei alguns trechos desta leitura, pois ficará registrado este momento para ela, para nós.
Não preciso dizer, que em seguida a irmãzinha mais velha também a imitou, também buscou seus livros, iniciou o mesmo ritual.
Como diria Paulo Freire “A leitura do mundo precede a leitura das palavras.” É por meio da leitura do mundo, das vivências de práticas letradas, que a criança vai adquirindo este hábito, o da leitura das palavras.
Alguns autores que tratam da leitura, se quiser saber mais:
- Marisa Lajolo – tem vários livros sobre o assunto;
- Ana Maria Machado, em seu livro “Texturas sobre leituras e escritos”;
- Délia Lerner: “Ler e Escrever na Escola - O Real, o Possível e o Necessário
- Isabel Solé – “Estratégias de Leitura”

Texto meu, publicado no meu blog: http://impressoesnoturnas.blogspot.com

Depoimento de Leitura de Maria S. Delfiol Nogueira, publicado originalmente em: http://impressoesnoturnas.blogspot.com , em 26/07/2011.

Este texto integra as atividades do Curso Leitura e Escrita em Contexto Digital da Escola de Formação de Professores - EFAP.

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