Li em alguns autores, que falam sobre
aquisição da leitura e do letramento, que as crianças muito antes de saberem
ler, imitam os adultos em práticas letradas, ou seja, veem o adulto lendo um
livro, folheando as páginas, passando-as lentamente uma após outra, lendo em
voz alta, mostrando as figuras; após vivenciarem estas atitudes do adulto
leitor, a criança passa a copiá-las, pois mesmo não sabendo ler a história
presente naquelas páginas, age como se estivesse lendo realmente.
Esta atitude da criança é belíssima
de se observar. Ela demonstra que a criança que convive com adultos leitores,
pai, mãe, avós, tios, professores, vivencia a leitura como algo normal, como um
aprendizado normal, que permeia a vida de todos, isto faz uma grande diferença,
porque, neste caso, ao entrar no ensino fundamental a criança já está bem
encaminhada, já gosta de ouvir histórias, gosta de ler pequenos livros,
vivencia a leitura como prazer, não como algo imposto, penoso.
Quando disse acima que é encantador
observar a criança imitando o adulto, tive o prazer de observar isto
acontecendo com minha sobrinha de 04 anos. Ela já conhece todas as letras, mas
não sabe ler, juntar as letras formando palavras, diga-se aqui que este
aprendizado aconteceu antes de entrar na educação infantil, o que aconteceu
este ano. Não foi algo imposto, partiu da curiosidade dela e da irmã de 05 anos
a vontade de saber o que havia nos portadores de texto que os adultos liam. A
partir desta curiosidade a família foi incentivando, falando os nomes das
letras, mostrando-as nas revistas, livros. Isto foi feito por todos, a minha
mãe (que nunca estudou em escola formal), minha cunhada, meu irmão, por mim,
pelos tios.
No sábado ela, a Maria Eduarda, de 04
anos, juntou os seus livrinhos, sentou-se em um banquinho na cozinha, cruzou as
pernas, colocou-os sobre elas, escolheu um deles, começou a “contar” a história
(de memória, é claro), apoiando-se também nas imagens para contar a história.
Virava as páginas, em alguns momentos mostrava as figuras dos livros para nós,
mãe, tia, avó, irmã, que estávamos ali. Nada a distraía de sua leitura! Nem o
nosso espanto!
Achei tão maravilhoso, que fui ao
quarto, peguei a câmera e filmei alguns trechos desta leitura, pois ficará
registrado este momento para ela, para nós.
Não preciso dizer, que em seguida a
irmãzinha mais velha também a imitou, também buscou seus livros, iniciou o
mesmo ritual.
Como diria Paulo Freire “A leitura do
mundo precede a leitura das palavras.” É por meio da leitura do mundo, das
vivências de práticas letradas, que a criança vai adquirindo este hábito, o da
leitura das palavras.
Alguns autores que tratam da leitura,
se quiser saber mais:
- Marisa Lajolo – tem vários livros
sobre o assunto;
- Ana Maria Machado, em seu livro
“Texturas sobre leituras e escritos”;
- Délia Lerner: “Ler e Escrever na Escola - O Real, o Possível e o Necessário”
- Isabel Solé – “Estratégias de
Leitura”
Depoimento de Leitura de Maria S. Delfiol Nogueira, publicado originalmente em: http://impressoesnoturnas.blogspot.com , em 26/07/2011.
Este texto integra as atividades do Curso Leitura e Escrita em Contexto Digital da Escola de Formação de Professores - EFAP.
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